
As restrições à captação de água subterrânea para a agricultura no Algarve foram esta sexta-feira parcialmente levantadas pelo Governo, face à recuperação verificada com o impacto das chuvas de inverno, anunciou esta sexta-feira a ministra do Ambiente e Energia.
De acordo com Maria da Graça Carvalho, a decisão decorre da "recuperação significativa" em sete massas de água subterrânea, verificada nas bacias das ribeiras do barlavento e do sotavento algarvios, a bacia do Arade, Luz de Tavira, São Brás de Alportel, Peral, Moncarapacho e São Bartolomeu.
Segundo a ministra, o levantamento das restrições vai abranger uma área agrícola de cerca de 60 mil hectares, ficando de fora o aquífero Querença/Silves, "o qual manterá a restrição à captação porque não teve a mesma recuperação".
A revelação foi feita por Maria da Graça Carvalho numa conferência de imprensa em Faro, após a assinatura do protocolo "Água que Une - Estudos para a avaliação do potencial hídrico nas bacias hidrográficas do Algarve", celebrado entre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento.
"Houve aqui uma decisão depois do mapeamento feito pela APA e com a qual concordei e que vai ficar efetiva a partir de hoje, após a reunião da Comissão da Seca sobre a gestão de água no Algarve", realçou.
Maria da Graça Carvalho disse ainda que APA vai "rever em alta em todo o Algarve os títulos de captação de água subterrânea em função das novas plantações e atualizar também as áreas, o que não é feito há muito tempo".
No entanto, advertiu que a situação da seca no Algarve "será revista na próxima reunião da comissão, tendo em conta as previsões de um verão muito quente".
"Isto é uma situação que é revista de dois em dois meses e que está a ser monitorizada e teremos se ser muito cautelosos", alertou.
A governante lembrou que a retenção de água nas barragens "só é muito útil se chover, porque se houver muitos anos sem chuva, há que ter cuidados redobrados".
Contudo, referiu, é necessário continuar a combater o desperdício e a poupar água, mantendo-se a restrição de 5% ao consumo de água para todos os setores: urbano, turismo, agrícola e golfe.
Segundo Maria da Graça Carvalho, as albufeiras do Algarve têm atualmente 372 hectómetros cúbicos de água armazenada, o que corresponde a 83% da sua capacidade, verificando-se um aumento de 196 hectómetros cúbicos comparativamente com o mês homólogo de 2024.
A ministra presidiu esta sexta-feira em Faro à assinatura do protocolo "Água que Une -- Estudos para a avaliação do potencial hídrico nas bacias hidrográficas do Algarve, nomeadamente na bacia hidrográfica de Alportel", entre APA e a Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento.
Segundo a APA, os estudos fazem parte do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve e têm como objetivo reforçar a segurança no abastecimento de água. São ainda considerados um contributo relevante para reduzir o risco de inundações em Tavira, integrando o Plano de Gestão dos Riscos de Inundações da RH8 -- Ribeiras do Algarve.