
O corpo do Papa Francisco entrou cerca das 13:00 locais de hoje no interior da Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, onde, por sua vontade expressa, ficará sepultado, em vez de entre os muros do Vaticano.
O ritual de sepultamento é privado, sem transmissão para o exterior.
Após uma oração, o caixão de madeira que contém os restos mortais foi selado com os selos do cardeal camerlengo, da Prefeitura da Casa Pontifícia, do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice e do Capítulo Liberiano (conjunto dos cónegos da Basílica de Santa Maria Maior).
O corpo é depois colocado no túmulo e aspergido com água benta, seguindo-se o canto do Regina Coeli.
O notário do Capítulo Liberiano lavra o "ato autêntico", que serve de prova do enterro e lê-o aos presentes.
Em seguida, o documento é assinado pelo cardeal camerlengo, pelo regente da Casa Pontifícia, pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e pelo próprio notário.
A participação na cerimónia conta com a presença dos cardeais Kevin Farrell (camerlengo), Giovanni Battista Re (decano), Roger Michael Mahony, Dominique Mamberti, Stanislaw Rylko, Rolandas Makrickas, Pietro Parolin (secretário de Estado do Vaticano), Baldassare Reina, Konrad Krajewski, entre outros clérigos.
Entre estes, conta-se também o português monsenhor António Saldanha, do Capítulo da Basílica Papal de Santa Maria Maior.
O túmulo que acolherá o corpo do Papa argentino foi feito em mármore de origem da Ligúria, região no noroeste de Itália de onde eram originários os avós de Francisco, e apresentará a inscrição "Franciscus", o nome do Papa em latim, e a reprodução da sua cruz peitoral.
Fica localizado numa das naves laterais da basílica, entre a Capela Paulina (onde se encontra o ícone bizantino do século VI Salus Populi Romani, que retrata Maria com Jesus ao colo) e a Capela Sforza, junto ao altar de São Francisco.
As autoridades italianas estimam em 150 mil o número de pessoas no percurso entre a Praça de São Pedro e a Basílica de Santa Maria Maior.
Segundo o diretor do serviço de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, poderá ser visitado já a partir da manhã de domingo, sendo expectável uma grande afluência ao local.
Francisco deixou indicações sobre a sepultura num testamento espiritual, publicado pelo Vaticano, precisando que o sepulcro na Basílica de Santa Maria Maior "deve ser de terra, simples, sem decoração especial e com a única inscrição: 'Franciscus'".
"Confiei sempre a minha vida e o meu ministério sacerdotal e episcopal à Mãe de Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem à espera do dia da ressurreição na Basílica Papal de Santa Maria Maior", explica, num texto datado de 29 de junho de 2022 e citado pela agência Ecclesia.
Por outro lado, o Papa Francisco referia nesse documento ter deixado pagas as despesas para a preparação da sua sepultura.
"Serão cobertas pelo montante do benfeitor que encontrei, a ser transferido para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e para a qual dei instruções apropriadas a monsenhor Rolandas Makrickas", então comissário extraordinário da basílica papal, uma das quatro de Roma.
O Papa Francisco morreu na passada segunda-feira, aos 88 anos, depois de 12 de pontificado.