
Cerca de 2.400 bombeiros, apoiados por 800 meios terrestres, estão esta quinta-feira a combater os incêndios que continuam a lavrar no país, de acordo com a informação disponibilizada no portal da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Dos seis incêndios considerados significativos às 6h30 desta quinta-feira, quatro continuam ativos, nomeadamente os incêndios de Ponte da Barca, Penafiel, Cinfães e Arouca, este último a gerar mais preocupação e com mais meios envolvidos. Os outros dois, em Paredes e Ponte de Lima, estão em fase de resolução, estando perto de 300 operacionais no terreno em operação de vigilância para garantir que os mesmos não reacendem.
Já em Arouca, mais de 670 operacionais estão no terreno, mas, apesar do grande dispositivo, a autarquia garantiu na noite desta quarta-feira que a situação estava "estabilizada no município". Ainda assim, "têm-se verificado vários reacendimentos que têm sido prontamente combatidos pelos meios terrestres com o apoio das máquinas de rastos e meios aéreos, não havendo, presentemente, nenhuma situação que suscite maior preocupação".
A autarquia apela "a que as pessoas mantenham uma atitude vigilante e que não se adote qualquer comportamento de risco".
Além destes, há a registar o incêndio em Terras de Bouro. Durante a noite desta quarta-feira, chegou a haver casas em risco neste município, por causa do incêndio que se alastrou de Ponte da Barca. As chamas estiveram a poucos metros da freguesia de Brufe, com os bombeiros a fazer uma linha de água para proteger pessoas e bens, segundo avançou o Presidente da Câmara Municipal de Terras de Bouro, Manuel Tivo.
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Cerca de 70 casas estiveram em risco contando com as de residentes, mas também as de turismos rural e de emigrantes. O Presidente da Câmara Municial de Terras de Bouro espera que o reforço de meios na região durante a manhã seja suficiente para controlar a frente que se alastrou ao concelho.
O fogo teve origem no incêndio de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, uma das grandes preocupações da Proteção Civil durante a noite. De acordo com o portal da ANEPC, mais de 400 operacionais estão no terreno no incêndio que está ativo desde sábado à noite.
Neste último, cerca de 150 habitantes de quatro aldeias de Ponte da Barca tiveram de ser retirados das suas habitações, por razões de segurança, face à proximidade das chamas.
Em declarações à agência Lusa à noite, o presidente da Câmara de Ponte da Barca adiantou que "os habitantes dos lugares da Igreja, em Britelo, Sobredo, Germil e Lourido, na Serra Amarela, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) estão a ser concentrados nos pontos da Aldeia Segura, definidos para cada uma das localidades, para serem transferidos para o centro escolas de Entre Ambos-os-Rios".
" A frente de fogo é muito grande. Está a encaminhar-se com muita violência para alguns pontos. O objetivo é as populações fiquem cercadas e, também por causa do fumo intenso que se faz sentir", adiantou Augusto Marinho.
"O coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês está a arder"
O PNPG abrange os distritos de Braga (concelho de Terras de Bouro), Viana do Castelo (concelho de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) e Vila Real (concelho de Montalegre), numa área total de cerca de 70.290 hectares.
O incêndio que deflagrou no sábado em Ponte da Barca, no PNPG, alastrou na manhã de quarta-feira para o concelho vizinho de Terras de Bouro, no distrito de Braga, tendo levado à situação de casas em risco já referida.
Augusto Marinho adiantou que, pelas 22h29, "não havia casas consumidas pelas chamas, nem registo de feridos", em Ponte da Barca.
"Ainda não há, mas temos tido muita sorte", destacou.
Ao início da noite, o vice-presidente da Câmara de Ponte da Barca, José Alfredo, disse que o incêndio que lavra desde sábado à noite é "uma facada no coração" do PNPG, único parque nacional do país.
" O coração do PNPG está a arder, literalmente. Hoje o parque leva uma facada no coração. Os impactos deste incêndio terão efeitos num futuro muito longo", afirmou.
Durante a tarde de quarta-feira, o presidente da Câmara de Ponte da Barca disse ter pedido ao Governo para acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil ou outros acordos bilaterais com outros países para combater o incêndio no PNPG.
"Falei com a ministra da Administração Interna. Pedi-lhe para acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil ou acordos bilaterais com Espanha ou com outros países que achar mais rápidos que ajudem a combater este flagelo, quer em Ponte da Barca quer no país", afirmou à Lusa.
O pedido do autarca social-democrata surge depois vários apelos que tem vindo a dirigido ao Governo, sem sucesso, para reforço dos meios aéreos para combate ao incêndio que começou no sábado PNPG.
"É impossível combater este incêndio com apenas um meio aéreo. Esta frase diz tudo. Estou indignado, revoltado", afirmou Augusto Marinho.
O que fazer em caso de incêndio?
Com Lusa