
O executivo de Donald Trump foi acusado por diversas associações norte-americanas de ilegalidades e discriminação racial na vaga de detenções policiais de imigrantes ilegais na região de Los Angeles nas últimas semanas.
O processo de 63 páginas, interposto no Tribunal Distrital para a Califórnia Central, alega que o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) "sequestrou e fez desaparecer" membros da comunidade através de práticas ilegais de detenção e prisão com base na cor da pele, de acordo com os advogados de acusação.
O processo acusa ainda o DHS de confinar os detidos num edifício federal em Los Angeles em condições ilegais que colocam em risco a sua saúde e de lhes negar o acesso a advogados.
Os autores da queixa judicial, cinco trabalhadores detidos e quatro organizações --- a Rede de Centros de Trabalhadores de Los Angeles, a União de Trabalhadores Agrícolas (UFW), a Coligação para Direitos de Imigração Humanos (CHIRLA) e o Centro Legal de Defesa dos Imigrantes --- argumentam que a administração Trump prendeu e deteve pessoas "inconstitucionalmente" para cumprir uma quota de prisão "arbitrária".
A ação judicial solicita ao tribunal que emita injunções permanentes para impedir futuras violações dos seus direitos garantidos constitucionalmente.
Os advogados dos grupos que representam os autores explicaram em conferência de imprensa que prosseguem uma ação coletiva que beneficiaria os indivíduos afetados em sete condados que compõem a área metropolitana de Los Angeles.
O advogado Mohammad Tajsar considerou a batalha judicial "histórica", sublinhando que as rusgas policiais em Los Angeles foram "ilegais, imorais e inconstitucionais". "Desde 06 de junho, bandidos e saqueadores mascarados invadiram Los Angeles, aterrorizando as nossas comunidades negras e violando a Constituição no curso das suas ações", enfatizou.
O processo foi anunciado numa lavagem de carros em Torrance, onde, a 22 de junho, homens mascarados, vestindo apenas coletes com distintivos da Patrulha da Fronteira, detiveram violentamente vários trabalhadores, como registado em vídeos que se tornaram virais.
Um dos proprietários do estabelecimento, identificado como Enmanuel, relatou que os alegados agentes entraram à força em zonas restritas ao público, como os túneis onde se encontram as máquinas, e confirmou o uso de força excessiva nas detenções.
"Basicamente trataram-nos como criminosos, sem dignidade. Não há justificação nos Estados Unidos para isso", enfatizou o proprietário do estabelecimento.
Emily Hernández, familiar de um dos funcionários detidos, disse que, após a detenção do imigrante salvadorenho, as autoridades do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) não forneceram qualquer informação sobre o seu paradeiro.
Dez dias após a detenção, os familiares não têm o número do processo nem qualquer informação sobre o detido.
"Parece que não importamos, como se a nossa voz não tivesse valor, mas importamos, o meu tio importa", disse Hernández em lágrimas.
Os múltiplos depoimentos dos familiares dos detidos coincidem em que os detidos foram mantidos incomunicáveis e que as detenções foram baseadas na discriminação racial.
Espera-se que o tribunal responda à ação em breve, ordenando uma moratória nas rusgas policiais e exigindo o acesso a representação legal para os detidos.
O Departamento de Justiça norte-americano já foi notificado, mas respondeu que, devido ao feriado do Dia da Independência, não iria responder em breve.