Um estudo realizado no Grande Vale de Côa, em Vila Nova de Foz Côa, demonstrou que o pastoreio de cavalos semi-selvagens em liberdade podem ajudar a reduzir o risco de incêndios florestais e promover a biodiversidade.

Um novo estudo científico, publicado na revista Frontiers in Ecology & Evolution, revelou os benefícios ecológicos e preventivos do pastoreio natural com cavalos semi-selvagens no Grande Vale do Côa, em Portugal. Os resultados demonstram que a presença destes animais contribui significativamente para a redução do risco de incêndios florestais, além de potenciar a biodiversidade local.

" Os resultados do estudo mostraram que o pastoreio de cavalos nas duas áreas rewilding reduziu o risco de surtos catastróficos de incêndios florestais, reduzindo a altura e a quantidade de vegetação", lê-se no comunicado.

A investigação decorreu ao longo de três anos nas áreas de Vale Carapito e Ermo das Águias, onde os cavalos da raça nativa Sorraia foram reintroduzidos pela Rewilding Portugal. As parcelas analisadas foram comparadas com zonas vedadas e não pastoreadas, permitindo avaliar os efeitos do pastoreio em liberdade.

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Os investigadores concluíram que os cavalos ajudam a controlar a vegetação herbácea inflamável, criando paisagens menos propensas a incêndios catastróficos — um impacto particularmente importante numa região mediterrânica vulnerável às alterações climáticas e ao abandono agrícola.

"Este impacto é particularmente relevante para as paisagens rurais da região mediterrânica, onde os incêndios florestais – que podem ser devastadores para as pessoas, as propriedades e a natureza selvagem – são agora cada vez mais comuns".

Além disso, o pastoreio promoveu a biodiversidade: aumentou a presença de plantas com flor, essenciais para polinizadores como abelhas e borboletas, e elevou os níveis de matéria orgânica no solo, o que favorece o desenvolvimento de espécies arbóreas nativas.

Para amplificar os benefícios, o estudo sugere a introdução de outros grandes herbívoros, como veados ou bisontes, reforçando o equilíbrio ecológico através de uma diversidade de padrões de pastoreio.

Desde a sua fundação em 2011, a Rewilding Europe tem liderado projetos de reintrodução de cavalos selvagens em várias regiões do continente, sendo o cavalo Sorraia uma das espécies prioritárias. Em 2023, a organização publicou um guia de referência sobre o uso de cavalos em projetos de rewilding, que serve de base para iniciativas semelhantes por toda a Europa.

O estudo contou com a colaboração do MARETEC da Universidade de Lisboa, Rewilding Europe,Rewilding Portugal e o Hill and Mountain Research Centre do Scotland’s Rural College.