O regime está brutalmente enfraquecido e o povo está pronto para abraçar um novo Irão, "livre e democrático". Este é o momento ideal para "uma união" que permita finalmente "derrubar o regime ditatorial" do Ayatollah Ali Khamenei e as hipóteses de consegui-lo "até ao final do ano são bastante boas".

Quem o diz, em entrevista ao Politico, é o filho do último xá do Irão, Reza Pahlavi, herdeiro de Mohammad Reza Pahlavi, deposto a 11 de fevereiro de 1979, data em que o regime iraniano se tornou na atual república islâmica, então liderada por Ruhollah Khomeini.

A viver nos Estados Unidos, onde lidera o Conselho Nacional do Irão, um declarado governo no exílio, o filho mais velho do último xá da antiga Pérsia é o herdeiro do trono imperial de Teerão e um forte opositor do regime agora sob ataque quer de Israel quer dos EUA.

Na entrevista ao Politico, Reza Pahlevi mostra-se entusiasmado com o efeito que podem ter os ataques a instalações nucleares e militares promovidos por Donald Trump e a grandes figuras e bases do regime de Khamenei por Israel. Acredita que podem ser esses os momentos decisivos para derrubar um regime que já merecia grande oposição do povo iraniano, que não seria capaz de ser bem sucedido na revolta sem estes ataques.

De acordo com Pahlavi, a ação militar está a empurrar a ditadura do  Ayatollah Ali Khamenei para perto do colapso, ao mesmo tempo que a ideia de uma mudança de regime está a ganhar força também na comunidade internacional. "Há muito boas hipóteses de o regime cair até ao final deste ano", assume o filho do último xá, que se oferece mesmo para ajudar na transição para um novo Irão, que retome as liberdades e desenvolvimento que o pai promovera no país antes de Teerão se tornar numa república islâmica.

"Submeto-me à vontade dos meus compatriotas e estou disponível para conduzi-los neste caminho para a paz, construindo um novo Irão juntos", afirmou na entrevista ao Politico Pahlavi, garantindo-se disposto a amnistiar quaisquer membros do regime que desertem e se juntem aos iranianos para derrubar Khamenei e ajudar a criar uma "sociedade livre e democrática". O príncipe herdeiro defende ainda a realização de uma conferência constitucional com representantes de todas as forças e ideologias presentes no país, para elaborar uma nova Constituição, a ser ratificada pelo povo em referendo. "As opções democráticas devem estar todas sobre a mesa. Não serei eu quem decidirá se o futuro passará por uma monarquia ou uma república, o meu papel é garantir que nenhuma voz fica de fora", declarou ao Politico.

E o que falta para a mudança acontecer? Para o filho do último xá, muito pouco. "O elemento final da mudança é o levantamento do povo, sabendo agora que todos os elementos de repressão do regime foram dizimados ou enfraquecidos", afirmou Reza Pahlavi ao Politico. "Este ataque específico demonstra que a guerra não é contra o povo, mas contra o regime, o que acelera o seu colapso e dá ao povo, desta vez, uma real hipótese de ter sucesso."

Agora, pede à comunidade internacional que não ofereça ao Irão novas tábuas de salvação abrindo vias diplomáticas, antes contribua para a mudança iminente. Uma transição que se diz disposto a acompanhar e apoiar ativamente. "É um erro acreditar que  este regime algum dia será razoável; e essa foi a maior falha do passado. Quaisquer negociações com este regime são inúteis; agora, há que investir no povo iraniano, o único capaz de assegurar a paz e segurança para o mundo e, mais importante, liberdade para o meu próprio país."