
Antonio Espaillat López e a sua irmã Maribel Espaillat, proprietários da discoteca, são os primeiros a ser acusados neste caso, após cerca de meia centena de queixas apresentadas por familiares das vítimas.
"Os dois arguidos demonstraram imensa irresponsabilidade e negligência ao não terem realizado a intervenção física que teria impedido o desabamento do teto da discoteca, como ocorreu, provocando 236 mortos e mais de 180 feridos", pode ler-se no comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).
O Ministério Público atualizou o número de mortos na tragédia, agora fixado em 236, incluindo óbitos que ocorreram em contexto hospitalar. O balanço anterior era de 234 mortos.
O advogado de Espaillat, Miguel Valerio, tinha confirmado pouco antes à AFP que o seu cliente estava detido.
O desastre é considerado a maior tragédia do século na República Dominicana e provocou a morte da estrela do merengue Rubby Pérez, que estava a atuar em palco no momento do desabamento.
Aos 59 anos, Espaillat é um poderoso empresário na ilha, que também gere um conglomerado de media e um restaurante.
Apresentou-se em liberdade ao início do dia na Procuradoria-Geral da República, acompanhado pelo seu advogado e pela sua irmã.
"A família Espaillat deixou claro que está disposta a cooperar com a investigação", garantiu o seu advogado, em declarações aos jornalistas.
A pressão sobre as autoridades tem aumentado nos últimos dias, com acusações de que Espaillat estava a beneficiar de tratamento preferencial.
A detenção ocorreu um dia depois de uma comissão especial ter submetido o relatório técnico sobre as causas do desabamento à Procuradoria-Geral da República.
Leonardo Reyes Madera, que liderou a equipa de avaliação, recusou revelar o conteúdo do relatório, destacando à AFP que a divulgação destes dados é da responsabilidade do Ministério Público.
Segundo especialistas ouvidos fora do sistema judicial, as causas do acidente foram a sobrecarga do telhado com equipamento de ar condicionado excessivamente pesado e a deterioração gradual da estrutura do edifício devido à humidade acumulada e às vibrações prolongadas provocadas pela música alta e pelos bailarinos, tudo agravado pela falta de supervisão.
O próprio Espaillat declarou numa entrevista televisiva em 23 de abril que o local sempre teve problemas de infiltração de água e nunca foi inspecionado pelas autoridades.
DMC // MCL
Lusa/Fim