
A organização não-governamental (ONG) - que desde 2019 consolida os alertas de desflorestamento de todos os satélites utilizados pelo Governo, entidades académicas, entidades privadas e ONG do Brasil -, destacou no seu relatório anual que o número de alertas de destruição em áreas maiores que 100 hectares, por exemplo, teve uma redução de 31% face a 2023.
Ao longo do ano passado, a área média desflorestada por dia foi de 3.403 hectares -- ou 141,8 hectares por hora. No caso da Amazónia brasileira, foram devastados 1.035 hectares por dia, ou cerca de sete árvores por segundo. No Cerrado, o ritmo da perda foi mais intenso, com perdas de 1.786 hectares por dia.
Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma com a maior área desflorestada no Brasil, perdendo no ano passado 652.197 hectares de vegetação nativa, mais de metade (52,5%) do total desflorestado no Brasil no ano passado.
A Amazónia ficou em segundo lugar, com 30,4% da área desflorestada no Brasil (377.708 hectares), registando a menor área desflorestada dos seis anos da série histórica da sondagem do Mapbiomas, iniciada em 2019.
Juntos, Amazónia e Cerrado responderam por quase 89% da área desflorestada do país sul-americano em 2024.
A Caatinga, bioma localizado no nordeste do país, vem em terceiro lugar, com 14% de área (174.511 hectares) devastados, seguida do Pantanal, localizado no centro-oeste do país, onde as perdas de vegetação no bioma corresponderam a 1,9% da destruição da no Brasil ou 23.295 hectares, da Mata Atlântica (1,1%, ou 13.472 hectares).
Já o Pampa, bioma no sul do Brasil, apareceu com a menor área desflorestada, com 0,1% de perda do total da área.
Todos os biomas brasileiros tiveram redução na área desflorestada em 2024, com exceção da Mata Atlântica, o bioma com a maior parte de sua área florestal já desmatada e que se localiza no litoral do Brasil. Esse bioma manteve-se estável após uma queda de quase 60% no desflorestamento observada em 2023 (13.212 hectares), na comparação com 2022 (29.721 hectares).
No relatório também se aponta que dois terços das Terras Indígenas do Brasil não registaram qualquer evento de desflorestação em 2024, ano em que apenas 33% das terras indígenas no Brasil tiveram ao menos um evento de desmatamento detetado.
"Juntos, esses eventos somaram 15.938 hectares de perda de vegetação nativa dentro de Terras Indígenas, uma redução de 24% no desflorestamento face a 2023. Essa área equivale a 1,3% do total de vegetação nativa destruída no Brasil no ano passado", conclui-se no relatório.
No levantamento assinala-se ainda que 97% de toda a perda de vegetação nativa no Brasil nos últimos seis anos ocorreram por pressão da agropecuária, mas outros vetores têm peso distinto, de acordo com o bioma.
No caso da mineração ilegal, por exemplo, 99% de toda área desmatada por essa atividade está localizada na Amazónia.
Já no caso de desflorestação associada a empreendimentos de energia renovável desde 2019, 93% destes estão concentrados na Caatinga. O Cerrado, por sua vez, concentra 45% da área desmatada relacionada com a expansão urbana em 2024.
Em seis anos, a desflorestação no Brasil suprimiu uma área de 9.880.551 hectares, dois terços dos quais (67%, ou 6.647.146 hectares) ficam na Amazónia brasileira.
CYR // JMC
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