O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, advertiu hoje a sua homóloga europeia contra os riscos de confrontação, numa altura em que Pequim procura afirmar-se como um parceiro fiável, face à volatilidade dos Estados Unidos.

Durante um encontro realizado na quarta-feira, em Bruxelas, com a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, Wang Yi defendeu que a China e a UE "não devem ser vistas como adversárias pelas suas diferenças, nem procurar o confronto devido aos seus desacordos", de acordo com um comunicado divulgado hoje pelo seu ministério.

Na véspera, Kallas defendeu que Pequim deve deixar de ameaçar a segurança europeia, apontando alegados ciberataques, interferências em processos democráticos e práticas comerciais desleais.

"A Europa enfrenta vários desafios", afirmou Wang Yi, acrescentando que nenhum deles, "no passado, presente ou futuro", foi causado pela China.

O chefe da diplomacia chinesa procurou apresentar o seu país como um contrapeso à Administração de Donald Trump, que ameaçou impor tarifas generalizadas sobre as importações europeias.

"O caminho seguido pelos Estados Unidos não deve ser usado como espelho da China", frisou Wang. "A China não é os Estados Unidos", vincou.

Segundo o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, os dois lados abordaram ainda questões internacionais como a guerra na Ucrânia, o conflito israelo-palestiniano e o programa nuclear do Irão.

Pequim e Bruxelas devem agir com base no "respeito mútuo", defendeu Wang Yi, apelando a uma política europeia mais "ativa e pragmática" em relação à China.

Wang reuniu-se também na quarta-feira com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros belga, Maxime Prévot.

Wang disse a ambas as partes que a China e a UE devem "defender o multilateralismo e o livre comércio" e cooperar face a desafios globais como as alterações climáticas.

O diplomata chinês segue agora para a Alemanha e depois para França, onde se reunirá com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, que visitou a China em março.

Estas visitas antecedem a cimeira China - UE, que reunirá em Pequim o Presidente chinês, Xi Jinping, e vários altos responsáveis europeus.