No dia em que passam 655 anos sobre o nascimento de Nuno Álvares Pereira, o CIBA estreia a encomenda feita a Johan Schelfhout: uma produção para integrar a programação do espaço museológico, com exibições diárias acessíveis na visita normal.

"Neste filme vamos conhecer quem é que realmente é Nuno Álvares Pereira, não só o homem militar, mas também o homem político com poder e finalmente, no fim da sua vida, o homem religioso", explicou o realizador belga à agência Lusa.

Schelfhout, que já realizou "A Batalha de Aljubarrota" (2008), em exibição no CIBA, e "Batalha dos Atoleiros" (2010), para o Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros, em Fronteira, no distrito de Portalegre, respondeu ao desafio de filmar uma proposta de biografia de Nuno Álvares Pereira.

"O que tentamos transmitir é que foi uma figura excecional, sempre chamado de 'braço direito' de D. João [I], mas os dois tinham sempre os olhares cruzados e partilharam entre si esta grande aventura na nova dinastia de Avis".

Complementar a "A Batalha de Aljubarrota", "Nuno Álvares Pereira" revela "uma pessoa fulcral da história de Portugal", que se tornou "no homem segundo mais rico de Portugal, só atrás do próprio D. João". 

"São coisas que, evidentemente, nem sempre falamos, e até houve uma zanga sobre isso com o próprio rei. Aqui estamos a contar tudo isso", antecipa Johan Schelfhout.

O realizador espera que os visitantes fiquem a "perceber um bocado mais como era a vida na Idade Média", em que "havia muita coisa parecia com a nossa época", como "o jogo de poder, que também existia".

Apesar desta ser uma história atravessada por muitas batalhas, há uma mensagem que Schelfhout destaca, associada ao final da vida de Nuno Álvares Pereira: 

"É importante perceber este caminho espiritual que faz e entender que a violência não é necessariamente a solução para tudo. E que a salvação passa pela religião e não pelos feitos de guerra", considera, a propósito do homem que, em 2009, o papa Bento XVI canonizou como São Nuno de Santa Maria.

O filme foi rodado no Mosteiro e no Castelo de Alcobaça, no distrito de Leiria, e na Coudelaria de Alter, no distrito de Portalegre, envolvendo um elenco onde pontificam atores como Gonçalo Waddington, como Nuno Álvares Pereira, Nuno Nunes, que faz de D. João I, Elmano Sancho, como João das Regras, ou João Lagarto, no papel de Gil Airas.

Na segunda-feira, na antestreia de "Nuno Álvares Pereira", António Ramalho, presidente do conselho de administração da Fundação Batalha de Aljubarrota (FBA), responsável pelo CIBA, considerou que o Condestável "é, no nosso imaginário, no imaginário de todos os portugueses, um símbolo da audácia, um símbolo da coragem, um símbolo da ousadia e um símbolo dos resultados". 

No CIBA, que recebe anualmente "350 escolas e cerca de 20 mil estudantes", "seria impossível à Fundação Batalha de Aljubarrota não juntar ao filme da Batalha Real, que aqui temos, um novo filme dedicado a Nuno Álvares Pereira".

A produção, acrescentou António Ramalho, tem 45 minutos, "exatamente o tempo que durou esta batalha, que tão decisiva foi, não para Portugal, não apenas para a Europa, mas sobretudo para o mundo". 

No CIBA, o responsável da FBA anunciou ainda a abertura, "no próximo mês", de outro projeto da fundação: o Centro de Interpretação da Batalha da Restauração. 

Em Borba, no distrito de Évora, o novo espaço será dedicado ao período entre 1578 e 1668, da perda da independência à Restauração, com destaque para a Batalha de Montes Claros, entre Estremoz e Vila Viçosa, travada a 17 de junho de 1665, a última de um conjunto de batalhas que garantiram a soberania a Portugal.

 

MLE // JEF

Lusa/Fim