
Não é só uma possível intervenção americana que pode alterar o destino da guerra entre Israel e o Irão. Há outros dois fatores em cima da mesa que põem em questão a duração do conflito: a reserva de intercetores de mísseis israelitas e o estoque de mísseis de longo alcance iranianos.
Desde o momento que o Irão começou a retaliar, o sistema de defesa israelita intercetou grande parte dos mísseis, dando tempo para atacar sem sofrer grandes danos no seu território.
O problema é que com o ataque rápido, a produção de novos mísseis fica comprometida. Assim, segundo a informação recolhida pelo The New York Times, abre a porta à insegurança, uma vez que o país pode ficar sem mísseis antes do Irão.
"O número é finito"
Antigos funcionários, em condição de anonimato, disseram ao jornal norte-americano que neste momento o exército de Israel já teve de conservar o uso de intercetores e está a ter como prioridade a defesa de áreas muito povoadas e de infraestruturas energéticas.
Os intercetores “não são grãos de arroz (...) o número é finito”, disse o general Ran Kochav, que comandou o sistema de defesa aérea de Israel até 2021 e que continua na reserva militar.
“Se um míssil deve atingir refinarias em Haifa, é claro que é mais importante intercetar esse míssil do que um que atingirá o deserto de Negev", disse ao The New York Times, explicando que conservar os intercetores de Israel é "um desafio", acrescentou. “Podemos conseguir, mas é um desafio”.
Israel diz estar "preparado e pronto para lidar com qualquer cenário"
Em comunicado, quando questionado sobre os limites do armamento, o exército israelita disse estar “preparado e pronto para lidar com qualquer cenário” e que neste momento está a “operar defensiva e ofensivamente para eliminar ameaças aos civis israelitas”.
No início da guerra, as estimativas previam que o Irão tivesse cerca de dois mil mísseis balísticos. Grande parte já foi lançada ou destruída em ataques. Talvez por isso, o país tenha começado a mandar menos mísseis.
Ao mesmo tempo, Israel também está a esgotar os seus intercetores. Não se sabe, porém, quantos ainda tem o país à disposição, uma vez que essa revelação poderia dar vantagem ao Irão.
Por isso, os próximos passos vão ser decididos não só pela intervenção dos Estados Unidos na guerra, mas também sobre o tempo em que ambos os países vão suportar os danos económicos e conseguir defender-se.