
"A polícia de investigação criminal na província de Inhambane, durante os primeiros cinco meses, registou um total de 113 casos que reportam o tipo legal de crime de homicídio agravado", disse o chefe das relações públicas do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) em Inhambane, Alceres Cuamba, citado hoje pela comunicação social, e que aludiu aos 85 casos do período homólogo de 2024.
Segundo as autoridades policiais, os casos foram registados nos distritos de Zavala, Maxixe, Massinga e Inharrime em que, disse Alceres Cuamba, a violência contra a pessoa idosa, muitas vezes praticada por familiares das vítimas, acontece por acusações sobre feitiçaria.
"Estes casos preocupam o Sernic que para reverter este cenário tem trabalhado com os líderes comunitários, líderes religiosos e outras personalidades influentes no sentido de sensibilizar as comunidades para a necessidade do diálogo", acrescentou o chefe das relações públicas do Sernic em Inhambane, Alceres Cuamba.
Na sexta-feira, a Lusa noticiou que um grupo de populares incendiou um autocarro do município de Xai-Xai, no sul de Moçambique, vandalizou a secretaria do posto administrativo local e a casa de uma mulher acusada de feitiçaria.
"Houve destruição, quase que total, da viatura pertencente ao conselho municipal da nossa cidade, como também a secretaria do posto administrativo municipal. Partiram os vidros daquele edifício e houve também alguma queima de uma das partes da residência da suposta acusada", disse a administradora do distrito de Xai-Xai, Argelência Unguana.
Em causa está a morte de uma líder comunitária, cujo óbito é atribuído a uma mulher de 56 anos, acusada de feitiçaria pelos populares.
O assassínio de pessoas acusadas de feiticeira é frequente nas zonas rurais moçambicanas, tendo pessoas idosas como as principais vítimas.
É um crime frequente e geralmente perpetrado pelos parentes, que acusam as vítimas de praticar atos sobrenaturais, responsabilizando-os por desavenças familiares e infortúnios.
Só na província de Inhambane, no sul de Moçambique, em 2020, pelo menos 17 idosos foram assassinados por acusações de feitiçaria, maioritariamente feitas por familiares, segundo os últimos dados das autoridades avançados à Lusa naquele ano.
PME (LN) // SSS
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