Na sequência de um acordo entre o Partido Social Democrata (SPD, o maior da coligação governamental) e a União Democrata-Cristã (CDU, principal força da oposição), os alemães serão chamados às urnas em legislativas antecipadas no próximo dia 23 de fevereiro. As eleições normalmente aconteceriam no outono.
A razão é a quebra da aliança entre o SPD, os Democratas Livres (FDP, liberal) e os Verdes, que governam desde 2021. Esta terça-feira, informam vários jornais alemães, os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz chegaram a acordo com os democratas-cristãos, que queriam chamar os eleitores o mais cedo possível. Defendiam legislativas em janeiro, ao passo que o SPD as queria na primavera.
A data das eleições terá de ser confirmada pelo Presidente Frank-Walter Steinmeier (SPD), que também defendia que não se adiasse muito a clarificação política. O chefe do Governo deve falar ao país, no Parlamento, esta quarta-feira. “Não seria problema nenhum para mim marcar a moção de confiança antes do Natal”, afirmou Scholz numa entrevista televisiva. Vai ser ele o cabeça de lista do SPD.
Formar Governo não vai ser fácil
O litígio entre o SPD e o FDP (que levou Scholz a demitir da pasta das Finanças o líder dos liberais, Christian Lindner) tem que ver com questões orçamentais, agravadas pela guerra na Ucrânia e a crise energética que acarretou para um país demasiado dependente das fontes de abastecimento russas. Se Lindner é adepto do rigor orçamental, o SPD e os Verdes queriam mais despesa em programas sociais e de transição climática.
Para o Ministério das Finanças, Scholz optou por um camarada do SPD, Jörg Kukies. As contas do Estado para 2025 ainda carecem de aprovação parlamentar.
A CDU, aliada à União Social-Cristã (seu partido irmão na Baviera), encabeça as intenções de voto com 32%, mais do dobro do SPD (15%), refletindo uma opinião pública em que só 14% se dizem satisfeitos com o Executivo. O líder democrata-cristão, Friedriech Merz, é um forte candidato ao lugar de Scholz, mas teria de encontrar alianças para formar um Governo estável.
A nova esquerda populista
Os estudos de opinião mostram a Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) em segundo lugar, com 19%. Todas as forças democráticas rejeitam qualquer diálogo com os extremistas, que têm tido bons resultados em eleições estaduais recentes, com vitória nas da Turíngia, em setembro.
Os Verdes obtêm 11% nas sondagens mais recentes, seguidos do partido populista de esquerda Aliança Sahra Wagenknecht (7%), fundado pela política homónima, outrora militante do partido A Esquerda. Ficou em terceiro em três eleições estaduais este ano, com valores entre os 13% e os 15%.
Wagenknech combina um discurso esquerdista na economia, defendendo um estado social generoso, com posições anti-imigração mais próximas das da direita dura. Não alinha com SPD, CDU, FDP e Verdes no consenso quanto ao apoio à Ucrânia.
Fora do Parlamento poderão ficar, se as intenções de voto se mantiverem, os liberais do FDP e A Esquerda. Ambos estão abaixo do limiar mínimo de 5% para ter deputados.