Agricultores franceses retomaram este domingo protestos e várias colunas de tratores dirigem-se a Paris com o objetivo de bloquear a capital a partir de segunda-feira, caso não recebam respostas do Governo.

Convocados pelo sindicato Coordenação Rural (CR), a segunda associação profissional mais importante de França, os protestos não deverão cortar estradas, já que para muitos é o regresso das férias escolares de Natal, mas o setor não descarta a realização de bloqueios "pontuais", alertou a presidente da CR, Véronique Le Floc'h.

O sindicato não detalhou, contudo, como se vão desenvolver as mobilizações para a capital, cuja autarquia não registou qualquer manifestação autorizada entre esta noite e a manhã de segunda-feira.

O primeiro-ministro, François Bayrou, que tomou posse em 20 de dezembro, convocou as organizações agrícolas para discutir as suas reivindicações no dia 13, mas para o CR a reunião veio "tarde demais", disse a sindicalista Sophie Lenaerts.

Em declarações à rádio RTL, Lenaerts afirmou que no Palácio de Matignon, sede do Governo, na segunda-feira, será servida a 'galette des reyes', um bolo do Dia de Reis.

"Penso que, se eles podem festejar, também podem trabalhar e receber-nos", acrescentou a sindicalista, por se tratar de um dia útil.

As unidades policiais foram destacadas para muitas zonas de Paris e as imagens televisivas mostram ações de verificação da identidade dos militantes do CR, facilmente reconhecíveis pelos seus bonés amarelos.

Protestos arrastam-se há um ano

Os agricultores franceses organizaram uma série de protestos há um ano, atenuados pelo Governo do então primeiro-ministro Gabriel Attal com uma série de medidas de emergência.

No entanto, os profissionais da área denunciam a lentidão na aplicação destas medidas, pedem novas ações e exigem que o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul - Mercado Comum do Sul para o setor, ao qual se opõe tanto o Governo como todos os partidos políticos franceses, não seja ratificado.

Os agricultores e as associações franceses têm vindo, desde dezembro, a pressionar os responsáveis políticos para impedir a entrada em vigor do pacto comercial entre os blocos europeu e sul-americano aprovado em dezembro no Uruguai.

Embora exista um raro consenso político em França na rejeição deste acordo, o setor quer que o Governo e Macron se mobilizem a nível europeu para atrair mais países da UE e impedir o acordo.

A França queixa-se de que este acordo permitirá a entrada na UE de produtos que não cumprem as normas europeias de saúde ou ambientais e que isso representa uma concorrência desleal gravemente prejudicial para os seus agricultores e criadores de gado.


Com LUSA