
O psicólogo clínico, Diogo Mendonça começou por explicar ao DIÁRIO-Saúde que a necessidade de validação é um comportamento natural nos humanos, “quase como o sal na sopa”, mas que em excesso pode comportar sérios riscos para saúde mental, podendo dificultar a tomada de decisões, quando “aquilo que pensamos ou sentimos é relegado para segundo plano”.
A busca incessante pela validação externa é algo que implica que uma pessoa esteja sempre à procura de uma aprovação. O locus de controlo interno desta pessoa está colocado no externo, ou seja, as decisões que possa ou não tomar, se são válidas ou não, é determinado por outra pessoa. Diogo Mendonça, psicólogo clínico
De acordo com o profissional de saúde, “se estivermos sempre a olhar para fora à procura dessa aprovação, significa que não estamos também a olhar para aquilo que são as nossas necessidades e para o que é importante para nós”, tendo apontado que a origem mais comum para este comportamento surge na infância, na forma como as crianças são educadas.
As redes sociais amplificaram a necessidade de validação, “tornando-a até em algo quantificável, através dos gostos, comentários, partilhas e até do número de seguidores”.
Se tenho muitos seguidores é porque sou uma pessoa merecedora de afecto, de reconhecimento, desta validação. A pessoa pode percepcionar como importante para ela e, se calhar, pode não estar tão perto da realidade.
Numa era em que na internet tudo parece encenado, a autenticidade poderá estar em risco, alertou o especialista em saúde mental, apontando que “quando a validação é excessiva a sensação com que as pessoas depois podem ficar é que têm de ‘cortar’ partes de si, aquelas que são percepcionadas como inválidas e só as partes válidas é que podem ser vistas”.
Diogo Mendonça afirmou que é possível apostar na prevenção ao lidarmos com as nossas crianças, “se as educarmos desde início a terem um pensamento crítico, a serem autónomas e a terem também um espaço em casa onde elas próprias consigam falar sobre os seus sentimentos e as suas ideias”.
Quando questionado sobre se o autocuidado pode ser encarado como uma atitude egoísta, o psicólogo respondeu afirmativamente, referindo que “podemos passar uma vida em prol das outras pessoas e a procurar essa parte da validação, mas depois parece que nos esquecemos de nós”, sublinhando a importância de “equilibrar a balança”.
A procura excessiva pela aprovação externa pode desencadear perturbações psicológicas, fique a saber a que sinais deve estar alerta e quando deve pedir ajuda, na entrevista disponível no canal do DIÁRIO, presente no YouTube.