
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu o reforço da autonomia regional como forma de aproximar o poder das populações, considerando essencial dotar as regiões dos instrumentos necessários para responderem às suas responsabilidades.
"A autonomia junta responsabilidade e instrumentos para agir em prol dos cidadãos", afirmou em entrevista ao DIÁRIO - para ler na íntegra na edição de amanhã, sábado - e à TSF-Madeira.
Questionado sobre a eventual extinção do cargo de Representante da República, Gouveia e Melo afastou a ideia e salientou a importância de manter uma figura que actue como "árbitro" do sistema. "Não acho que seja um problema relevante neste momento", disse, explicando que o cargo serve para garantir "os pressupostos da democracia e da equidade".
Sobre os critérios para escolher o Representante, afirmou que privilegiará "a competência, a seriedade e a vontade de ajudar a região a desenvolver-se". E reforçou: "Pode ser madeirense ou não; será um bom português".
Relativamente ao perfil do próximo Representante, defendeu que deve combinar diálogo e capacidade interventiva: "A via do diálogo é sempre a primeira, mas pode haver situações em que seja necessário exercer o poder de árbitro".
Quanto ao seu mandatário regional, revelou que ainda não foi escolhido, explicando que, não vindo do sistema político tradicional, segue um modelo de campanha próprio.
Sobre a estratégia para conquistar uma região historicamente afecta ao PSD, defendeu que nas presidenciais "a lealdade partidária faz pouco sentido". Gouveia e Melo considerou que o Presidente deve ser "leal apenas aos cidadãos e à República", frisando: "Sinto-me muito confortável em não ter que vestir nenhuma camisola de partido".
Questionado sobre o estatuto autonómico da Madeira, afirmou que pode ser sempre aperfeiçoado. "Autonomia não é independência", sublinhou, deixando claro que "há espaço para robustecer" o modelo actual.
A propósito da revisão da Lei das Finanças Regionais, defendeu maior autonomia financeira: "As finanças excessivamente centralizadas podem prejudicar o desenvolvimento das regiões".
Enquanto antigo almirante, destacou a relevância estratégica da Madeira para a Defesa Nacional. "A Madeira é uma rotunda que liga o Atlântico Norte ao Sul", sublinhou, defendendo uma aliança estratégica com os Açores, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
Finalmente, considerou necessário reforçar o dispositivo militar na Região, sobretudo o componente aeronaval, face a ameaças híbridas como o narcotráfico e as acções de potências estrangeiras. "O reforço militar dá consistência à nossa soberania e protege os interesses nacionais", concluiu.