Nascido em 1957, Joaquim de Almeida cresceu no Bairro de S. Miguel, em Alvalade (Lisboa) e, aos 19 anos, partiu atrás do sonho americano. Em conversa com Tony Gonçalves, também ele imigrante português nos EUA, Joaquim refere os desafios da imigração e a importância de manter a sua ligação às origens. “Vivi nos Estados Unidos durante 48 anos, mas durante esse tempo todo estive sempre a voltar a Portugal”, diz.

Papéis como os de Félix Cortez em 'Perigo Imediato' e o de Almirante Juan Miguel Piquet em 'Atrás das Linhas do Inimigo' granjearam fama internacional a Joaquim de Almeida. Já a sua reputação como vilão solidificou-se com Ramon Salazar na série de tv norte-americana “24”. "Sempre achei que não é interessante se o vilão for mau só por ser mau. Os maus têm coração, por isso temos de os interpretar com o coração. Há momentos em que eles ficam emocionados, em que algo os toca. E tens de mostrar isso, tens de dar aos maus da fita essa humanidade", explica.
"A certa altura disse ao meu agente: 'Tenho de parar de fazer tipos maus. Caso contrário, não vou conseguir outros papéis'. Mas depois comecei a dizer: 'Ouve, vamos voltar aos maus da fita porque estou a perder muito trabalho.' E voltei para os maus da fita porque os maus da fita também são divertidos."

José Fonseca Fernandes

Joaquim de Almeida trabalhou em diversos países, dos EUA a Itália, incluindo Espanha, França e Brasil, e tem planos para continuar ativo. O ator considera que a indústria cinematográfica portuguesa tem potencial para crescer: "Fazer cinema em Portugal foi sempre muito difícil, porque é um país com 10 milhões de habitantes. Não há uma população para pagar pelos filmes, que são caros. Espanha, França e Alemanha têm uma indústria, mas Portugal não e não vendemos os nossos filmes lá fora. Precisamos de construir alguns estúdios e precisamos de incentivos para que os grandes filmes estrangeiros venham cá filmar. Nós temos ótimos técnicos, mas precisamos de mais. É preciso trazer mais filmes estrangeiros."

Orgulhoso da carreira que fez no cinema e na televisão, o ator confessa ficar comovido “quando as pessoas se aproximam de nós e nos agradecem por levarmos o nome do nosso país lá para fora. Fui o único a fazê-lo durante muitos anos”. E conclui “Penso que o meu legado vai demorar algum tempo a ser igualado por qualquer outro ator [português], dadas as muitas línguas e produções que fiz ao longo de 42 anos.”

Tiago Pereira Santos

Tony Gonçalves nasceu no norte de Portugal em 1973 e, com quatro anos, emigrou com os pais para os EUA. A nível profissional, passou por empresas como a Sharp Electronics, Samsung e WarnerMedia, onde chegou a chief revenue officer, gerindo receitas e investimentos na área das vendas de publicidade, streaming e entretenimento.

Com a missão de colocar empresas e líderes portugueses no plano internacional, Tony fundou o Grupo Evrosepara orientar e aconselhar empresas portuguesas no crescimento e transformação dos seus negócios.

No início de 2024, reuniu o Tribeca, com sede em Nova Iorque, e a SIC, com a sua plataforma de streaming OPTO, para juntos lançarem a primeira edição do Festival Tribeca fora dos EUA. Tony Gonçalves tornou-se assim o produtor executivo do Tribeca Festival Lisboa, que aconteceu entre 18 e 19 de outubro de 2024.

‘The Heart & Hustle of Portugal’ é o seu primeiro podcast e tem o objetivo de juntar uma comunidade apaixonada por Portugal à volta de uma série de conversas com grandes protagonistas nacionais e internacionais ligados ao país e ao mundo cultural e empresarial.