
Desde que foi nomeado Under 30 da Forbes Portugal, Rui Nogueira tem vindo a fazer crescer o seu negócio – Diário de Um Ambicioso (DDUA) – mês após mês, com a empresa a contratar pelo menos dois funcionários todos os meses até ao final do ano, garante. Para que tal seja possível, houve uma mudança de direção pelo caminho. Rui decidiu apostar no Dubai, mantendo sempre a operação em Portugal.
“A sede da empresa está cá, já estava no ano passado, então uma coisa me levou à outra. Depois foi perceber a discrepância gigante que existe entre o que é a mentalidade no Dubai em termos de empresários e empreendedores em comparação com o o que eu estava a ver dentro de Portugal e na Europa. É completamente diferente, eles não se queixam do problema, eles procuram a solução para o problema de imediato, são extremamente pragmáticos, há uma qualidade de infraestrutura muito superior e o acesso global é facilitado. A qualquer momento encontras alguém dos Estados Unidos, Reino Unido, China, Japão”, diz Rui à Forbes.
Ao mesmo tempo, estava a viver uma fase em que percebeu que já tinha atingido um posicionamento em Portugal que o iria impedir de fazer muito mais para que a expansão do negócio continuasse a ser uma realidade. “Portugal é para ficar, para estimar, para crescer, só que eu vejo que em Portugal há um teto consideravelmente já próximo e precisámos sair de Portugal, sair no sentido de expandir”, afirma.
O plano inicial era ir para o Dubai durante apenas um ano para tentar perceber como é que as coisas evoluíam. O que encontrou foram duas realidades distintas: existe um lado de quem está no Dubai para trabalhar e produzir e existe um outro lado mais ligado à ostentação. E se no final percebeu que o futuro passaria pelo Dubai para lá desse ano, a verdade é que o percurso não veio sem alguns desafios à mistura. “Por eu ainda não ter casos de sucesso como tenho em Portugal, isso tem sido uma limitação”, diz.
O foco nos últimos tempos tem passado pelo desenvolvimento de dois softwares. “Um dos softwares já estava consideravelmente desenvolvido, que é basicamente um painel de controlo para métricas operacionais, para ter tudo num só sítio e o próprio empresário perceber qual é a lucratividade do negócio, como é que o dinheiro investido em negócios está a funcionar, em redes sociais, etc.”, explica Rui. “O segundo é muito mais de gestão, mais uma questão de números, no que diz respeito a controlo tático do negócio. Tens uma visão geral do negócio e tens uma visão também muito mais específica, porque consegues conectar o dia-a-dia das operações com o fluxo de caixa do negócio e teres uma a previsão antecipada de o que é que vai acontecer. Este software vem tornar tangível de forma muito mais concreta e clara o que é que tens que fazer para atingir os teus objetivos e que métricas e que números é que tu tens que respeitar para isso se concretizar”.
Segundo Rui, estas são ferramentas necessárias num mercado como o do Dubai porque existem muitas operações, mas nem todas têm uma boa estrutura. Esta solução pode levar a sua empresa – que no Dubai é conhecida como Pro Skill Hub – a destacar-se. Para isso tem que conseguir fazer-se ouvir entre o barulho e, por lá, é através dos eventos de networking que tudo acontece.
“Para conseguires entrar no mercado, tens de conhecer alguém que te simplifique a entrada no mercado. Não são cunhas, mas precisas efetivamente de alguém que te apresente às pessoas. Começa muito, primeiro de tudo, com uma relação não empresarial. Se tu começas a querer iniciar uma relação empresarial logo de partida, o pessoal fica um bocado de pé atrás. Tens de desenvolver ali uma relação e a oportunidade de negócio, digamos, vem por si só. Obviamente, sendo bom no que fazes”, afirma.
O que Portugal pode aprender com o Dubai, na ótica de Rui, passa pela mudança de mentalidade, concretamente a forma como por lá se foca na solução e não no problema, mas também em relação à velocidade de ação. “A velocidade de decisão, o pragmatismo de decisão, tudo isso são grandes qualidades que eu vejo aqui, que me atraem imenso no Dubai, que em Portugal, claramente, nem lá perto”, afirma.
O contrário também é uma realidade e o Dubai também pode aprender algo com Portugal: “As pessoas não desligam. O pessoal não tem vida além do trabalho aqui”.