A atravessar o pior rendimento pontual desde que compete na Liga – a equipa ocupa o último lugar, com apenas oito pontos em 13 jornadas, menos dois que na época anterior –, o Arouca teve de digerir rapidamente a custosa derrota (2-1) frente ao Estrela da Amadora e focar-se já para o duelo com o sensacional Santa Clara, o atual 4.º classificado, que conta mais 19 pontos que os lobos.
Na antevisão ao encontro deste domingo (15h30), o treinador Vasco Seabra reconhece as dificuldades que esperam a sua equipa e aponta à mobilização das energias em busca dos três pontos, numa semana marcada pela saída, por mútuo acordo, do extremo Ivo Rodrigues, num contexto de desentendimentos com elementos da Direção.
- Que Santa Clara espera em Arouca?
- O Santa Clara é uma equipa muito boa, com rotinas consolidadas desde a época transata, muito competente nos diferentes momentos do jogo, em termos defensivos e ofensivos, sabe posicionar-se, sabe o que faz em campo, é uma equipa que sofre poucos golos e que é difícil de contrariar nos momentos de transição.
- Como vai responder a equipa?
- O adversário é difícil, mas, nesta fase, mais do que aquilo que são os adversários, o jogo é sobretudo algo que tem a ver connosco. Por exemplo, fizemos uma primeira parte fantástica com o Estrela da Amadora, mas depois acusámos a ansiedade de querer que o jogo acabasse depressa para trazermos os três pontos. Confiamos muito nos nossos jogadores, os nossos processos estão mais consistentes, é este o caminho que queremos seguir, muito focados em nós, sabendo que temos um adversário de muito valor pela frente, em que temos que competir no máximo, confiantes naquilo de que somos capazes para que a estrelinha passe para o nosso lado.
- Como está o estado anímico, após o desaire na Amadora?
- Ficámos muito frustrados com o resultado. O final do jogo e o dia seguinte ao jogo foram difíceis para nós, foram dias de sofrimento em que tivemos de lamber as feridas. Mas tivemos de nos levantar, pois não temos outro caminho. Temos um caminho muito grande para fazer e temos de acreditar nas nossas capacidades para superarmos os desafios e, por isso, a semana já decorreu com entusiasmo e com vontade que o jogo chegue.
- Que impacto teve a saída do extremo Ivo Rodrigues?
- São assuntos internos que já foram comunicados pela Administração. O Ivo sempre trabalhou bem, foi escolha em muitos jogos, desejo-lhe as maiores felicidades. É um assunto que foi resolvido internamente e que não trouxe qualquer peso ao balneário. Temos um grupo muito forte e muito unido para darmos continuidade ao que queremos fazer.
Já sem Ivo Rodrigues e com David Simão em dúvida, aumentam as preocupações?
- Confio muito em todos os jogadores. O Ivo não foi titular no último jogo [na Amadora], não por demérito dele, mas porque há outros jogadores que estão a merecer jogar. Os jogadores estão a lutar cada dia para conquistar lugares e trazer novas soluções ao treinador e à equipa. É isso que me dá alegria, apesar dos resultados ainda não estarem de acordo com aquilo que pretendemos.
- Que alternativas para o caso de David Simão falhar o jogo?
- No meio-campo temos o Pedro Moreira a crescer após um período de lesão, temos ainda o Fukui e o Pedro Santos, jogadores com uma capacidade enorme de trabalho, de entrega e de qualidade com bola. Se o David Simão estiver disponível é sempre uma opção de que gostamos, porque é um jogador de qualidade, muito experiente e que tem peso na dimensão da equipa; se não estiver disponível, qualquer uma das três opções, além do Loum, que já jogou no encontro anterior, são opções do meio em que confiamos.
- Apoio dos adeptos nesta fase difícil?
- O clube tem feito uma campanha para que nos apoiemos todos uns aos outros. Já temos muitos adversários que nos querem ganhar. Por isso, temos de nos unir. Os adeptos sentem quando não ganhamos, é natural e compreensível. Mas nós, que trabalhamos todos os dias para termos sucesso, sentimos isso fortemente quando não vencemos. No Arouca, todas as pessoas trabalham no limite em prol do clube, com muita vontade de fazer bem as coisas. Precisamos que os adeptos estejam connosco. Não temos tido resultados, mas continuamos a acreditar. Este é um momento em que sofremos juntos, para depois festejarmos juntos. É nisso que acredito.
- Este momento no Arouca é um dos momentos mais difíceis da sua carreira?
- Sim, provavelmente. Mas volto a dizer que mais do que os resultados, aquilo para que eu olho são os comportamentos diários do plantel, um trabalho que nos irá dar frutos maiores. Por exemplo, quando cheguei ao Estoril, nos três primeiros jogos tivemos três derrotas, e logo a seguir fizemos sete pontos em três jogos. As coisas às vezes não acontecem no imediato. Se sentisse que os jogadores não acreditavam em nós, aí ficaríamos mais perturbados. Temos muita vontade de trabalhar com entusiasmo e muito confiança de que os resultados vão mudar.
- A abertura do próximo mercado de transferências pode ser uma alternativa para reforçar as soluções do Arouca?
- Não há nenhuma equipa perfeita no mundo. Nos últimos sete jogos, o Manchester City ganhou uma vez e o Guardiola continua a ser um dos melhores treinadores de sempre e eles continuam a ter uma equipa fantástica. Há ciclos e há fases. Jogadores que o Arouca não tem este ano [como Mújica ou Cristo], no ano passado estavam no plantel e o Arouca tinha mais ou menos os mesmos pontos. Nessa altura eles não estavam a conseguir e de repente tudo se modificou. Claro que a nossa equipa e o treinador não são perfeitos… A perfeição não existe no futebol. É natural que o mercado abrindo, nós possamos fazer ajustes ao plantel, isso é natural. Mas não vamos fazer revoluções no plantel, porque confiamos verdadeiramente naqueles que cá estão. Entrei há cinco jogos e já podia ter ganho, é um facto. Mas, sim, podemos ajustar o plantel para o tornar mais forte competitivo, algo que será pontual. As soluções são mais internas do que externas.