A União Europeia está a preparar-se para uma investigação minuciosa à aquisição de 3,5 mil milhões de euros (3,67 mil milhões de dólares) da Liberty Media ao Campeonato do Mundo de MotoGP. Esta fusão potencial, que traria dois gigantes do desporto motorizado—Fórmula 1 e MotoGP—sob um único teto corporativo, suscitou preocupações antimonopólio dentro da UE.
Por que o Acordo Está Sob Escrutínio
Sob a liderança da nova chefe da antitrust da UE, Teresa Ribera, os reguladores estão preocupados que a movimentação da Liberty Media possa sufocar a concorrência nos mercados de transmissão e streaming. Com a Fórmula 1 já sob a sua alçada, a aquisição do MotoGP pela Liberty poderia consolidar controlo excessivo sobre os direitos comerciais e de media do desporto motorizado, deixando pouco espaço para a concorrência na distribuição de media.
De acordo com a Bloomberg News, os oficiais da UE estão a elaborar uma investigação de Fase 2, com uma decisão esperada até ao prazo de 19 de dezembro. Embora ainda seja preliminar, o rascunho indica que a Comissão Europeia está a analisar atentamente as implicações do acordo para a concorrência na transmissão de desportos motorizados.
O Âmbito Financeiro do Acordo
Anunciada em abril, a Liberty Media concordou em adquirir uma participação de 86% na empresa-mãe do MotoGP, a Dorna Sports. A equipa de gestão da Dorna irá manter 14% de participação na empresa. O valor da empresa no acordo é estimado em 4,2 mil milhões de euros, destacando a escala e a importância da fusão.
A estratégia da Liberty Media para consolidar o seu domínio no automobilismo segue a sua aquisição da Fórmula 1 em 2016 por 4,4 mil milhões de dólares a um consórcio liderado pela CVC Capital Partners. Desde então, a Liberty Media tem expandido agressivamente a sua presença no desporto e entretenimento, incluindo a sua participação na Live Nation Entertainment, um dos maiores promotores de concertos nos EUA.
Impacto Potencial na Indústria
Os críticos argumentam que a combinação dos dois gigantes do automobilismo sob uma única propriedade poderia limitar as opções para os fãs, emissoras e plataformas de streaming. A investigação da UE provavelmente se concentrará em como o acordo poderia moldar os preços, o acesso e a concorrência num setor que já enfrenta custos crescentes e alternativas limitadas.
A decisão da Liberty Media de desmembrar a maior parte dos seus ativos não relacionados ao automobilismo no início deste ano é vista como um movimento para afinar o seu foco na Fórmula 1 e no MotoGP. Embora este realinhamento tenha permitido à Liberty concentrar recursos nos seus investimentos em automobilismo, também levantou bandeiras vermelhas entre os reguladores preocupados com a monopolização do mercado.
O que vem a seguir?
A Liberty Media não comentou sobre a investigação iminente, mas o resultado poderá moldar os seus planos. Se a UE avançar com uma investigação de Fase 2, o acordo poderá enfrentar atrasos significativos ou até exigir modificações para abordar preocupações regulatórias.
Por agora, todos os olhares estão postos na Comissão Europeia enquanto navega pela complexa interseção entre desporto, direitos de mídia e legislação da concorrência. Com a Liberty Media a ambicionar tornar-se a potência indiscutível no automobilismo, os riscos para este acordo não podiam ser maiores.