
O Presidente francês, Emmanuel Macron, esteve esta quinta-feira no parlamento português durante mais de uma hora, e deixou no livro de honra uma mensagem destacando "a amizade entre França e Portugal" e o "apego comum" dos dois países à Europa.
O chefe de Estado francês chegou ao Palácio de São Bento já depois das 16:15, mais de uma hora depois do que estava previsto, após ter estado com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na residência oficial.
Emmanuel Macron, que iniciou uma visita de Estado de dois dias a Portugal, foi recebido na Assembleia da República com uma cerimónia solene de boas-vindas e honras de Estado. A chuva que marcou o dia continuou a cair enquanto Macron e José Pedro Aguiar-Branco receberam as honras militares e ouviram os hinos de França e Portugal, momento durante o qual partilharam o mesmo guarda-chuva, que seguraram cada um com uma mão.
No salão nobre, primeiro ponto de paragem na Assembleia da República, decorreu a sessão de cumprimentos, na qual participaram os vice-presidentes e secretários da Mesa da Assembleia da República, os líderes parlamentares e a deputada única do PAN, além dos presidentes da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, da Comissão de Assuntos Europeus, e do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal--França.
O único líder parlamentar que não compareceu à sessão de cumprimentos foi o do Chega, Pedro Pinto.
Depois de o Presidente francês ter cumprimentado os deputados portugueses, o presidente do parlamento português saudou a delegação francesa que acompanha o chefe de Estado na visita a Portugal, que vai passar pelas cidades de Lisboa e Porto.
Emmanuel Macron assinou de seguida o livro de honra da Assembleia da República, onde escreveu: "Feliz por ter estado ao vosso lado com o intuito de celebrar, neste lugar emblemático da democracia portuguesa, a amizade entre França e Portugal e o nosso apego comum à nossa Europa".
O Presidente francês despediu-se "com amizade"
Após um encontro privado no gabinete de Aguiar-Branco, de cerca de 15 minutos, as duas figuras do Estado português e francês dirigiram-se à sala de visitas da presidência, para um momento de conversações entre as duas delegações, que também decorreu à porta fechada.
Depois, Macron e Aguiar-Branco deslocaram-se à sala das sessões para tirar a fotografia oficial, primeiro apenas os dois, e depois com os representantes dos partidos portugueses e a comitiva francesa.
Nos ecrãs, surgiam as bandeiras portuguesa e francesa. Nas bancadas onde habitualmente se sentam os deputados, estavam vários jornalistas dos dois países para captar o momento. Na última fila, esteve sentado também o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, Sérgio Sousa Pinto.
Macron saúda ida de Zelensky aos EUA
Ainda antes de deixar o parlamento português, o Presidente francês falou brevemente aos jornalistas, o que não estava previsto.
“Estou muito satisfeito com esta visita de Estado neste momento da Europa e do mundo. E, apesar das muitas incertezas, de alianças muitas antigas por vezes serem questionadas, 26 anos após a última visita de Estado de um presidente Francês, a minha presença aqui hoje demonstra que as verdadeiras amizades se mantém. A ligação entre Portugal e França é um exemplo desta Europa mais forte, mas devemos, sem dúvida, fazer escolhas muito significativas para termos uma Europa mais unida e forte em termos tecnológicos, industriais, em questões de Defesa, e os tratados que vão permitir cimentar isso.
Saudou, ainda, a ida de Volodymyr Zelensky a Washington e disse que o conflito na Ucrânia deve preocupar todos os europeus e que estes devem estar unidos mais do que nunca.
“Estou confiante de que ele irá recebê-lo amanhã, se tudo correr bem. Fico feliz, é muito bom. Tento sempre dar o meu contributo para facilitar as coisas, mas a Ucrânia, para nós, é uma luta importante, é uma luta pelo Direito internacional, pela soberania e pela segurança dos europeus”.
“É algo existencial para nós, por isso, é importante que o presidente Zelensky possa também expor ao presidente Trump o que está em jogo no seu país. Tentei explicar na passada segunda-feira o quanto isso é importante para nós e também salientar a importância do laço transatlântico. Mas, hoje em dia, os europeus devem convencer-se de uma coisa, é preciso, mais do que nunca, estarmos unidos e sermos fortes”, concluiu.
A passagem de Macron pela Assembleia da República durou pouco mais de uma hora e obrigou ao atraso da sessão plenária, que estava previsto começar às 16h30. Depois de tirada a foto oficial e as comitivas terem saído da sala das sessões, com o cumprimento do chefe de Estado francês aos jornalistas na bancada da imprensa, o espaço foi rearranjado, e os funcionários voltaram a colocar a mesa no centro do plenário, bem como várias cadeiras nos lugares dos deputados.
Inicialmente esteve prevista a realização de uma sessão solene no parlamento português, com as presenças do Presidente da República e do primeiro-ministro, na qual Emmanuel Macron discursaria, mas acabou por não se realizar, tendo sido substituída por uma cerimónia de boas-vindas.
Com LUSA